sexta-feira, setembro 13, 2013

Sobre cantadas na rua

O Think Olga fez uma pesquisa rápida sobre cantada nas ruas e o resultado me surpreendeu. A quantidade de mulheres que tinham histórias violentas sobre desconhecidos mexendo com elas na rua é muito alta.
*Comentário do macho que quer se justificar: "Talvez a maioria que sofreu esse abuso tenha participado da pesquisa e as milhares de mulheres que andam de micro short sem serem incomodadas não participaram. Logo, os números altos seriam facilmente justificados. É só uma simples questão de estatística.

Mas eu, como mulher brasileira que não tem carro e faço a maioria dos percursos à pé, concordo com essa pesquisa. E mais: as minhas amigas que compartilharam ou comentaram sobre essa pesquisa no facebook tinham histórias parecidas. A cantada na rua, de fato, incomoda.


É interessante ver como os homens parecem invadidos, né? Indignados, bravos, xiliquentos, né? Homem não sabe receber um elogio que já faz drama.

Eu não uso shorts curtos para ir ao mercado em um dia quente. Jamais combinei saia com salto e meus vestidos são na altura do joelho. Minhas regatas tem decote sim, mas sempre uso uma blusa ou camiseta xadrez por cima.

Talvez esse medo de me "expor" na rua (um homem sem camisa nunca se expõe, mas mulheres aparentemente são peças de museu que podem ser expostas para pública apreciação) tenha vindo de um dia na volta do colegial pra casa. Eu tinha 14 anos na época e estava subindo uma rua. Atrás de mim, dois homens começaram a mexer comigo. Me chamaram de linda, princesa, gatinha e dali pra baixo foi rápido. Eram duas da tarde, e eu pensei que se fosse mais rápido eles me deixariam em paz. Mas acho que a visão da minha bunda se movimentando mais rápido os animou. O que eles falavam que iriam fazer comigo pra mim soava como um estupro coletivo. "quero enfiar nessa sua bunda aqui, agora" o outro dizia "depois vou meter tanto nessa sua buce** que você nem vai conseguir andar" .

Essas coisas ditas para uma menina de 14 anos. Eu chorava e tinha medo de correr e eles irem atrás de mim. A rua estava vazia e tudo que eu queria era sumir dali. Doze anos depois lembrar disso me faz segurar lágrimas de medo. Me arrepia.

Homens não são animais no cio com incontroláveis necessidades de cópula. Vivemos em sociedade há milênios e essa história de "é a natureza do homem" é uma desculpa. Homens não são gorilas recém domesticados para servir jantar fino em buffet. Mexer com mulher na rua não é natural, é cultural.

Não culpem os programas de TV. Eles influenciam e corroboram com objetivação da mulher, sim. Mas não são os principais culpados. Vocês podem achar as mulheres na rua bonitas e gostosas. Podem imaginá-las de enfermeiras amarradas na sua cama com polvos estupradores em volta. Mas não há a menor necessidade de contar isso pra ela.

Também teve outra vez que um motoqueiro achou que eu era uma prostituta no ponto de ônibus às onze da noite e quando percebeu que eu não era, disse "nem queria mesmo, você é feia".

Ou um outro motoqueiro que me seguiu por quase uma avenida inteira perguntando se eu tinha certeza que não fazia programas. Eu estava de rasteirinha e saia longa indiana. Eu dizia que não, ele entrava na primeira esquina que via, fazia um retorno pra avenida e voltava a falar comigo, dizendo que ia ser rapidinho e que eu iria gostar.

Ou a vez em que eu estava voltando às seis da manhã da casa de um amigo e percebi que os passos atrás de mim estavam mais rápidos e mais perto. Tomei coragem e olhei pra trás. O cara estava com o pau em uma mão e a outra numa nítida posição que iria me puxar pelo pescoço.

Também tem os caras que roçam "sem querer" em você no metrô, mas ao invés de um "desculpa" vemos um sorrisinho. Já sentei ao lado de um cara de uns 40 anos que estava se roçando na minha perna num claro movimento de vai e vem que ficou mais rápido durante um tempo e depois parou com um suspiro de satisfação.

Essas são algumas histórias que eu me lembrei enquanto escrevia esse texto. Tenho certeza que não sou a única, faço parte da incrível maioria de mulheres que são vítimas desse tipo de violência tratada como "elogio de um homem à uma mulher bonita".

Eu, que não uso decotes, saias ou vestidos curtos e justos. Não digam que eu estava procurando e querendo um desconhecido me agarrando pela nuca com o pinto na mão porque garanto que isso entra na categoria "pesadelo" e não "fetiche".

"Aaaaaah, mas quando você passa num prédio em construção você fica triste se não ouve um fiu-fiu". 

Querem saber a verdade?

Eu me sinto aliviada. O único "fiu-fiu" que eu lembro de ter gostado foi na saída do cabeleireiro. Estava preocupada se eu tinha acertado na cor e no corte quando um senhor passou por mim e disse: "você está muito elegante!" eu sorri.

Cantadas na rua não são, de forma alguma, bem-vindas. "Ah, mas na balada é diferente". Mas... você jura? Não me diga!!! Ouvir um "linda" num lugar fechado, estando com pessoas conhecidas por perto e num lugar onde xaveco e paquera rola solto é uma coisa. Não poder ir para a balada de vestido com medo de quem vai passar a mão em mim no trajeto é que é o problema.

Olhem para o Carlinhos do vídeo acima e se perguntem: Quantas vezes você já foi esse cara para alguém?
Mas veja bem. Todas as minhas roupas, maquiagem, cabelo e tudo o mais são para me sentir bem para aqueles que eu conheço. Não vejo o mesmo assédio em homens musculosos sem camisa andando pela rua. Não vejo nenhuma mulher talking dirty, passando a mão, falando no ouvidinho... Pode parecer engraçado na sua cabeça, mas pense em ser assediado por um desconhecido maior que você e com muito mais força física que você.

Se eu pudesse viver num mundo onde nenhum desconhecido nem esperasse eu passar pra olhar minha bunda eu seria uma pessoa muito mais livre. E talvez até usasse shorts sem meia calça e tênis. Quem sabe um vestido curto? Ou uma saia acima do joelho? Será que eu poderia sair sem jaqueta em pleno verão para não passar calor?

Essas dúvidas não são só minhas. Mas de todas as mulheres. E essa pesquisa é só uma forma de fazer vocês homens entenderem o quão invasivos, malas, nojentos e assustadores vocês podem parecer com um "inofensivo" "Bom dia, sua linda"

quinta-feira, abril 18, 2013

Odisseia #2

E essa semana é a segunda semana do meu projeto de um ano de emagrecimento. No post anterior eu desabafei, contei meus medos e minhas constantes vontades de desistir. Porém, essa semana, só para não ficar feio aqui: eu não faltei um dia na academia. Fiz tudo do jeito que tinha que fazer. Não comi carboidrato à noite. Enfim, um exemplo para ser seguido pelas revistas de boa forma.

Aí subi na balança para saber se já tinha dado algum resultado e....


ENGORDEI UM QUILO E MEIO!! UHULLLLLL

VALEU BRASIL!!!


E é isso aí, gente! Meu plano agora vai ser: comer cada vez menos, fazer cada vez mais exercícios em busca da obesidade mórbida! É isso mesmo, galera! Quem sabe se eu continuar comendo frutas, diminuindo o açúcar, fazendo mais exercícios, comendo de 3 em 3 horas e bebendo mais água meu corpo atinge o peso IDEAL para uma bariátrica, hein?

É isso, aí!!! Não vou desistir agora, né? Se a cada semana que eu fizer exercícios e comer melhor eu engordar UM FUCKING QUILO E MEIO, em 52 semanas serão 78 kg a mais!!! Uhuuuulll!!!! Não vou desistir agora!

Vamos ver o que a próxima semana me reserva, hein? :)


quarta-feira, abril 10, 2013

Novas regras

Olá, pessoal! Eu sei que a ideia do Crônicas é eu postar uma crônica por semana (às quintas) por aqui, mas 1) o blog é meu (e só meu) e 2) estou esperando meu cabelo secar um mínimo aceitável para que eu possa usar o secador. Hoje eu vi um post que me tirou dessa pseudo-depressão que eu estava e me alertou para muita coisa. O post é da Gizmodo e você pode saber por que sua lista de afazeres não funciona clicando aqui.

Basicamente, o post diz que seu cérebro foi feito para realizar TAREFAS. Se você coloca na agenda "emagrecer" isso é um PLANO e não uma tarefa. A tarefa será, por exemplo "correr 5 km às quartas-feiras". Beber 2 litros de água por dia não é uma tarefa, é um plano, afinal você não é um camelo, certo? Então se reorganizar para executar e agendar TAREFAS funciona dez vezes mais do que planos. E para executar planos, anote o PLANEJAMENTO, cada etapa e quais tarefas são necessárias. E esse post é sobre um plano: EMAGRECER. Mas por que raios eu sempre falo em emagrecer e nunca consigo?

Meu problema: saúde

Eu sempre reclamei (aqui  e aqui) no blog da minha incrível dificuldade para emagrecer. Eu corria, comia bem, fazia atividades físicas e minha balança sempre sobe. Eis que há dois anos descobri que tenho hipotireoidismo. E o que é isso? É um problema genético (minha vó tinha) e sem cura. A tireoide controla o metabolismo do nosso organismo, entre outras coisas. Quem tem hipotireoidismo pode ter:
  • sonolência
  • ansiedade
  • falta de fome
  • queda de cabelos
  • unhas fracas
  • dificuldade para emagrecer
  • aumento do colesterol
  • depressão
  • surdez

Quando eu descobri minha condição, meu colesterol estava acima do dobro permitido para a nossa saúde. Meus cabelos caíam sempre, eu dormia 16 horas por dia, não tinha fome, minhas unhas nunca cresciam e eu estava fazendo terapia para controlar minha ansiedade e depressão. Eu tenho que tomar remédio para o resto da minha vida, fazer exames de sangue a cada 6 meses e ter um cuidado extra com meu peso simplesmente porque: meu corpo não consegue emagrecer com a mesma facilidade que um organismo normal.

Minha mudança de peso

Eu nunca fui magra. Nunca alimentei o sonho de ser modelo. Também nunca fui fã de bacon ou coisas gordurosas, doces ou fritas. Meu corpo tem formato ampulheta, isso é, meus ombros são da largura do meu quadril e minha cintura é mais fina. Meu problema está na barriga, sempre tive muita gordura nessa região. Mas, aos 15 anos eu pesava 48 kg com incríveis 1,57m. Minha altura não mudou em 10 anos, mas meu peso sim. Hoje peso 75 kg.

As fotos a seguir são chocantes.

Essa, de VESTIDO JEANS (AI SOCORRO, ESQUADRÃO DA MODA) era eu com 48 kg:



Quando eu entrei na faculdade, estava com 54 kg:



Uma faculdade depois, cerveja, hipotireoidismo, término de namoro e morte de cachorro depois. Eu, com 74 kg:




Eu sou a de camiseta bege.

Dá para ver o quanto eu fui "indo para os lados". Eu não virei uma bolotinha, eu apenas fiquei mais larga. De sutiã M fui para o "tamanho especial". De 38 fui para 46 nas calças jeans. E isso fere muito a minha auto-estima. Principalmente porque eu não como tudo que eu quero e eu faço atividade física.

Mas o difícil mesmo é ter a perseverança e não desistir mesmo depois de 4 anos tentando emagrecer e falhando terrivelmente em todas elas. Ver gente emagrecendo com menos esforço ou comendo mais e não engordando tanto magoa. Magoa e muito. Mas eu tenho uma doença e preciso me esforçar mais do que uma pessoa comum.

Minha alimentação

Não vou dizer que eu sou a rainha da alimentação saudável, mas eu me permitia uma alegria no bar uma vez por semana. Também tomava umas duas latinhas de cerveja durante a semana. Nunca fui de comer besteria todo dia também. A época que eu comia um pacote de bolachas foi há dez anos. Essa páscoa, ganhei uma barra de 250 g de chocolate amargo e ela ainda nem está na metade. Mas meu plano é: comer frutas todos os dias e a cada 3 horas comer algo. Além de cortar carboidratos à noite. Cortar refrigerantes e massas. Vamos ver no que vai dar.


Meu limite

Eu passei quase 3 meses direto indo à academia. Resultado: consgeuia correr 5.2 km em 1 hora, alternando caminhadas de 2 minutos e corrida de 1 minuto. Passei 3 semanas sem ir, hoje, quando voltei, fiz os 5 km em 63 minutos, e só consegui alternar até os 25 minutos. Depois caminhei o resto do tempo. Meu objetivo: conseguir correr 5 km em menos de 55 minutos em dois meses.

Atualmente, meu porcentual de gordura é de 39%. Quero diminuir 2% em três meses. A ideia é eliminar 1 kg por mês. Nesse vídeo, dá para ter uma ideia de como o corpo emagrece:



Se as mulheres da Boa Forma bradam com orgulho que conseguiram eliminar 15 kg com 1 mês de yoga, pensa como eu me sinto em 3 meses de academia, 2 % de gordura a mais e o mesmo peso. Já cheguei a tomar remédio tarja preta, que prometia eliminar 3 kg e com meu organismo foram 800 g. Eu chorei por horas. É muito dificil ter disposição, vontade e esperança quando com você é assim. Uma odisseia em busca do corpo ideal.

Meu corpo, além de ser em formato de ampulheta, tem facilidade em ganhar massa muscular e dificuldade de perder gordura. Meu corpo é endomesomorfo. Sou um ser híbrido, risos. Para saber mais sobre os tipos físicos, clique aqui.
Assim, eu não posso exagerar na academia para não virar um clone do Conan e tenho que dobrar a intensidade dos aeróbicos.


Conclusão

E esse post é para eu ser obrigada a ir 3 vezes para a academia e registrar aqui, nessa nova tag, a minha odisseia. Não será feita em sonetos, não tem um herói contra um monstro gigante do mar. Nessa odisseia, eu sou a heroina e voltar a dançar dança do ventre é meu desafio. Quero vencer de uma vez por todas esse monstro que se chama gordura. E essa jornada começa hoje e acabará em abril do ano que vem. Uma vez por semana vou vir aqui para mostrar como está meu planejamento e o que eu fiz durante os sete dias entre essa quarta e a próxima. Alô, Fantástico! Chama eu para um quadro!





Novas perspectivas

Há umas três semanas tenho me sentido vazia. Estava sem vontade de fazer qualquer coisa que fosse. De sair da cama a voltar pra casa depois de um longo dia no trabalho. Não entendia de onde esse desânimo todo vinha até que, depois de uma sessão de terapia, descobri a fonte: um simples  comentário.

Esse comentário era algo como "ninguém aqui é amigo de ninguém. Só trabalhamos juntos". E foi isso que caiu como uma pedra gigante na minha alma. Depois de todas as noites mal dormidas, todos os finais de semana gastos, as escolhas entre diversão e trabalho, nada disso valeu para ter uma amizade? Como me esforçar então?

Antes da faculdade, eu tinha mais de vinte amigos. Mas desses que se confia, que se sente saudade. Amigo de verdade. Durante a faculdade, uns 7. Hoje, 2.

E esse vazio todo é porque antes meu coração tinha muita gente. Hoje tem espaço de sobra. Dizem que "cabeça vazia é oficina do diabo". Eu acho que "coração vazio é diversão para seus demônios". Não daquele de chifres e roupa colante vermelha. Daqueles dos pensamentos que te assombram à noite.

Levei muito tempo para aceitar trocar de padrões. Agora e por enquanto, vou viver apenas para ME satisfazer. Irei estabelecer ações e etapas para atingir meus objetivos. Não vou mais me entristecer por quem não se importa comigo.

Claro que isso vai me fechar ainda mais. Mas vou me preocupar em abrir mais espaço no coração quando essas feridas se curarem. Mais fácil alugar um lugar quando ele está reformado, ne?

quinta-feira, abril 04, 2013

Uma casa simples

Todos os dias que volto pra casa de fretado, eu caminho até essa casa que nem fica na mesma rua do meu ponto de ônibus. Hoje me peguei pensando no porquê.

Eu gosto de ruas com árvores, odeio o cinza do concreto. Primeiro porque em São Paulo é muito difícil para as estruturas resistirem  ao clima úmido da capital. Daí que o cinza se destaca, descasca e apodrece. Segundo porque é a cor predominante na cidade e é uma cor triste.

Outra coisa que me atrai nessa rua é a falta de movimento. Muitos carros traz bagunça,  barulho e gente se xingando sem motivo.

Mas a minha parte favorita dessa casa é o muro. Não pensem que ela é uma casa tipicamente paulistana: cercada de segurança contra qualquer tipo de violência. Não, essa casa tem um muro baixinho, do tamanho perfeito para que eu me apoie nele.

No quintal dessa casa tem árvores e flores. E eu fico imaginando quem cuida delas. Como essa pessoa mora em São Paulo, tem um muro baixo e ainda tem tempo para cuidar de suas plantas?

E aí é o momento em que sorrio desejando que essa pessoa seja eu. Que essas sejam as minhas preocupações, que ter uma casa despreocupada e com plantas sejam parte da minha vida.

Dizem que São Paulo é uma cidade onde a vida não é simples. Aqui você escolhe entre carreira ou hobby; descanso ou happy hour; felicidade ou pró atividade. É por isso que eu quero sair da capital. Buscar minha casinha feliz.

Então meu tempo acaba, volto pro ponto e entro no fretado. Volto pra Guarulhos, para as ruas e avenidas movimentadas, pra minha rua cinza, pra minha casa cinza, com portões grandes e pesados. E torço para que, em breve, eu possa escolher pela minha felicidade.

segunda-feira, março 25, 2013

Da minha dificuldade de emagrecer (parte 33 e um terço)

Em outros posts aqui, eu já tinha falado sobre minha grande dificuldade de emagrecer. De dietas malucas, exercícios e só vendo aqueles números ficando cada vez maiores na balança (e na vida, no guarda-roupa e em todo o resto).

A faculdade acabou e eu fiquei em casa. Desempregada, usei meu tempo livre e descobri todo o mistério que residia nessa dificuldade toda: eu tenho hipotireoidismo.

Essa doença bacana aumenta o colesterol, não tem cura, faz cair cabelo, enfraquece unhas, dá desânimo, ansiedade e depressão, além de dificultar o processo de emagrecimento.

Eu tinha tudo isso aí além de dormir 16 horas por dia. O que parecia preguiça, folga ou descaso tinha um nome e uma consequência: remédio pro resto da vida e exames periódicos de sangue. Logo eu, que tenho pavor de agulhas.

Mas antes de achar que meus problemas acabaram quando eu descobri que tinha a doença, eu tinha também um agravante. Meu colesterol estava altíssimo, mais que o dobro recomendado.

Faço o tratamento desde então e hoje minhas unhas crescem, meu cabelo não cai, meu colesterol está adequado e durmo inacreditáveis cinco horas sem morrer de sono ao longo do dia. Antes, sem remédio,  eu era quase uma narcoléptica, dormia no trabalho sem nem perceber que estava dormindo.

Mas meu grande problema ainda é aquele primeiro que me levou à endocrinologista. Não consigo emagrecer. Já são 27 quilos desde os 17 anos.

"Ah, Deborah, mas isso é todo o bacon que você come"

Na boa, eu como menos besteira que os outros e faço mais atividade física.

Eu sei que com essa condição da tireóide, eu tenho que me esforçar mais que os outros. Mas é tão desanimador não ver o ponteiro da balança abaixar!  Também sei que não vou emagrecer o que levei quase dez anos em três meses, mas seria ótimo um inventivo, sabe?

Ainda estou no primeiro desafio de emagrecer: frequentar uma academia por três meses seguidos. O desânimo com o peso me faz parar de frequentar antes.

O lado bom é que dessa vez parei de ir faltando duas semanas para completar três meses.

Vou elaborar um plano de metas e vou publicar aqui. Mas hoje vou à academia fazer uma avaliação e encarar novamente o "desafio dos três meses". Dizem que se você for 3 meses na academia, você vicia e não sai mais. Já são quatro anos tentando. Vamos ver se dessa vez eu consigo.

quinta-feira, fevereiro 28, 2013

Caleidoscópio

Eu sou uma pessoa um tanto quanto eclética quando o assunto é música global. Vou de americanos a bandas de pop coreano, com um simples “next” do celular. Mas tem um DJ japonês que é um dos meus favoritos quando o assunto é “relaxar”. Com vocês, DJ Okawari:



Estava ouvindo essa música pela manhã, no caminho do trabalho, e comecei a lembrar do meu caleidoscópio e dos meus outros brinquedos de criança. Excluindo meu Pense Bem, Genius e o Atari, todo o meu dia era dedicado a brincadeiras com um aparelho que fazia etiquetas, um que eu nunca soube explicar muito bem mas que tinha figuras do Vila Sésamo e um caleidoscópio. Às vezes eu me sentava perto da janela da sala, para ficar bem claro e ficava olhando pelo caleidoscópio, vendo as formas estranhas e únicas que ele formava.

Ao prestar atenção na música, não conseguia lembrar como um caleidoscópio funcionava, muito menos quais as formas o meu fazia. E fiquei ali, ouvindo aquela música e pensando o quanto eu perdi da minha infância. E também no quanto as infâncias de hoje não brincam com coisas legais sem ser digitais. Inclusive, no sábado passado eu tive que usar um guia de ruas, sem ser um GPS do meu celular. Quem disse que eu lembrava mais como interpretar um mapa?

Fiquei um pouco triste de saber que esses conhecimentos analógicos estão cada vez mais esquecidos. Pretendo procurar um dia desses nas minhas coisas antigas, alguns dos meus brinquedos velhos para me divertir offline também.

quinta-feira, fevereiro 21, 2013

João de Barro

A correria de São Paulo mal deixa tempo para repararmos na cor do céu ou nas nuvens. Eu considero essa atividade como "um tempo para mim". Quando olho o céu, não penso em minha rotina ou em minhas obrigações. Penso na sensação de atravessar uma nuvem, como tudo fica pequeno lá do alto e na ideia de como seria nadar no ar, em queda livre. Meu cantinho para relaxar e esquecer do mundo é lá no alto, vendo como tudo é irrelevante quando comparado com a imensidão do céu.

Voltando pra casa, esperando meu ônibus, escuto duas senhoras conversando. O que me surpreende é o assunto. Nada de doenças, INSS ou netos. Elas estão falando sobre um passarinho que anda na calçada. Passarinho paulistano, anda a passos rápidos, precisos.

"Tadinho do bichinho. Difícil de ver um hoje em dia, né", diz a primeira senhora.

"É um João de barro" diz a segunda.

"O que ele tá fazendo?"

"Ele tá querendo água. João de barro adora andar na terra bem molinha".

Ah, calma lá. Como a senhora pode ter alguma ideia dos hábitos de um provável joão de barro?

"Perai q eu vou dar água pra ele". A segunda senhora se levanta e vai até o meio fio. Abre sua garrafinha de água e joga um pouco no chão e na parede, perto de uma árvore. Enquanto faz isso, ela diz: "Quando eu era pequena, tinha um monte desses onde a gente morava".

Ahh... Ok. Ela sabe que é um joão de barro. Mas eles não vão beber essa água suja...

O passarinho paulistano tinha olhado para a senhora durante todo o tempo em que ela jogou água no chão. Aos poucos foi se aproximando da pequena poça feita pela segunda senhora. Em poucos segundos, ele e um outro estavam bebendo a água da calçada.

Me pego olhando para os dois pássaros, menores que meus pés. Tão pequenos, tão bonitos, tão vivos. Até esqueço do meu ônibus.

"Quando a passarinha trai o joão de barro, ele fecha a casinha com ela dentro."

Tão pequeno, tão bonitinho e tão vingativo.

Chega meu ônibus. Subo. Quando eu crescer, quero ser como a segunda senhora e conversar sobre passarinhos.

quinta-feira, fevereiro 07, 2013

Obstáculos e tudo o mais

Se você pegar a minha agenda, vai ver que todas as quintas-feiras tem uma coisa para ser feita "postar no Crônicas a Ninguém". Como podem ver, eu não tenho realizado muito bem meus compromissos nem comigo mesma.

Eu fico pensando, todos os dias, em fazer o post sobre como foi a minha cirurgia de miopia, o pós operatório, as vantagens e as desvantagens de ter tirado os óculos. Mas nunca encontro o que eu realmente quero escrever, aquela vontade de ver essa tela em branco ganhar palavras e parágrafos.

E hoje eu cansei. Cansei de adiar, de deixar para a próxima quinta-feira. Por que postar apenas às quintas-feiras? Quais foram meus motivos para postar apenas antes das sextas? Não lembro muito bem, mas deve ter algo a ver com as postagens no Garotas Geeks. Cansei também de adiar tudo, de deixar não apenas essa atividade para a próxima oportunidade. Hoje eu cansei.

Às vezes a gente leva anos para perder uma mania. Enrolar os cabelos com os dedos, morder canudinho de refrigerante, estalar as dedos. No meu caso, minha pior mania é deixar tudo na metade. Não chega a ser uma mania incontrolável, mas tenho sérios problemas com isso. Eu acho que, no fundo, tenho medo de ver terminado algo e descobrir que ele ficou uma merda, daí que eu vou deduzir que tudo que eu faço é uma merda. Ou seja, se eu não terminar, eu não sou uma merda, na verdade eu só não tive tempo de provar que eu sou boa no que faço.

Mas eu terminei a faculdade. Foi aos trancos e barrancos, é verdade, mas terminei. Eu consegui. E tenho mantido minhas obrigações com o GG em dia, e pasmem: irei pagar meu segundo mês na academia que eu tenho ido QUATRO vezes por semana durante toooodo esse tempo. E esse post é um compromisso para mim, para que eu saiba que dessa vez tem algo a mais que uma simples frase na minha agenda dizendo o que eu devo fazer. Dessa vez, eu QUERO fazer tudo que tem na minha agenda. Acho que estou mudando mesmo. E para melhor. :)