domingo, fevereiro 28, 2010

Aposentada aos 22 anos

Numa bela tarde de feriado de carnaval, sentada com dois grandes amigos numa varanda à beira de uma lagoa no interior, observo a paisagem bucólica do campo me abanando com um leque e ouvindo Maria Rita com o meu “radinho de pilha”.

Percebo então que meus amigos estão tendo o mesmo fluxo de pensamentos que eu. Como é boa a velhice, deve ser assim uma aposentadoria, sentar numa varanda, observar a vida passar e não sentir absolutamente nenhuma vontade de se mexer.

O resto do grupo chega. Violão, metal em alto e bom som no carro, italianada reunida falando alto. “Ah... esses jovens com esse tal de rock ‘n roll fazendo barulhos... Não sabem apreciar uma bela paisagem”

Todos riem. Acham que eu estou brincando. Mas me sinto mesmo com uma velhinha e meus dois maridos, todos aposentados e curtindo uma bela tarde quente. Talvez quente demais. Reclamações normais de velhos.

Não curto mais festas, não misturo mais destilado com fermentado, prefiro ler um livro a ir para algum lugar que toque ritmos que eu não gosto. Não saio mais para “pegar geral”.  Apenas me sento à varanda com o note aberto, escrevo algum texto e reclamo de meus pés congelando.

Espero que aos 60 anos esteja de cabelos rosas saltando de bungee jump.

terça-feira, fevereiro 02, 2010

De como Marylin Monroe estava certa

Saiu esses dias um artigo sobre um estudo britânico (sempre é britânico) que afirma que os homens preferem as loiras. Já no mercado de trabalho, as morenas ganham; cabelos castanhos ou negros dão ar de confiança e responsabilidade. Já as madeixas loiras passam sensualidade e carência (algo como a Felícia de lingerie). Aqui no Brasil, tenho certeza que o estudo se aplicaria muito bem. A maioria dos homens que conheço prefere as que retocam a raiz. Nada contra as loiras, acho ótimo, tenho muitas amigas loiras maravilhosas, mas sinto que devo representar minha genética, desfavorecida.

Meus cabelos são negros, completamente negros, porém sou muito irresponsável. E conheço também muita morena sensual e carente (Olá, Felícia!). Mas reconheço que as loiras são colocadas em outro patamar. Os homens as vêem de outra forma. Poucos são os que conseguem dizer que uma loira é feia. Mas já as morenas... como sofrem (imagino que as morenas feias pintem os cabelos apenas para serem loiras “bonitinhas”).

Deixando para lá a velha rivalidade entre loiras e morenas (já que as morenas queriam fazer tanto sucesso com os homens como as loiras; e estas gostariam de ser admiradas pelo que são como as morenas), tenho certeza de que esse estudo é verdadeiro, apesar de tudo. Talvez porque aqui, mulheres morenas sejam o mais comum, o trivial. Pense bem: quantas morenas você conhece? E loiras? Admito que no time das loiras, poucas me vêem à cabeça.

É isso. Está decidido. Me mudarei para a Finlândia. Lá não deve ter mulheres assim, como eu. Adeus, Brasil cruel!

(E desconsiderem que o estudo é europeu...)
 
Esse texto eu escrevi há muito tempo, mas só publiquei agora porque não tenho mais cabelos da cor da asa da graúna...