sexta-feira, agosto 28, 2009

Capitu

Na escola, em um dia nada especial, ela brincava, sonhando com seus ídolos e prestando atenção na aula nos intervalos que sua imaginação lhe dava. E sem fazer nada de especial, ela atraiu o olhar dele.

Ele era, havia nascido assim, um romântico por natureza - embora não admitisse. Gostava de livros e filmes que se chora no meio e no fim. E em todos eles, ele a colocava no papel principal, nos quais o mocinho era ele, claro. Como ela não era a bobinha que vocês devem estar pensando, Capitu era a personagem que ele mais gostava de imaginá-la - a personagem feminina mais complexa e melhor escrita da literatura mundial, um verdadeiro elogio. E ele tinha que se contentar em ser o Bentinho, sempre odiado por muitos, discutido por muitos, mal compreendido por muitos. Ela, no entanto, nem imaginava que fosse alvo de tamanha imaginação.

E assim ele viveu. A imaginando sempre. Conversando, saindo com ela, lhe acariciando os cabelos.

Enquanto isso, ela vivia: namorava, chorava, cantava, bebia. Até que um dia, anos depois do dia nada especial, aconteceu. Ele reuniu a coragem necessária e lhe disse tudo o que estava na garganta e no coração. Sem reação, ela o abraçou. Pensou e sorriu.

Hoje ela imagina o Oliveira todo o tempo. E ele a Capitu.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu acho q não entendi a parte do Oliveira...rs